quinta-feira, maio 19, 2005

Assassinatos e RPG
Numa cidade vizinha à minha, num balneário, um crime foi cometido. Um casal e seu filho já universitário foram assassinados com tiros na cabeça. Uma semana depois, dois rapazes confessaram o crime. E colocaram a culpa em um jogo de RPG (role playing game).
Não vou me dar ao trabalho de explicar o jogo, até porque o que eu quero dizer não vai implicar o que eles faziam aquela noite. O fato é que estão querendo um bode expiatório pra conseguir justificar um ato que chocou a sociedade. E a polícia é mestra em dar à sociedade aquilo que a sociedade quer.
Um rapaz de 22 anos que diz que a família foi morta porque o jogo que estava acontecendo naquela tarde determinou isso não pode estar são. Um rapaz de 22 anos que dá calmantes àquelas 3 pessoas, amarra-os e atira em suas cabeças dizendo que o jogo mandou não pode ser considerado mentalmente são.
E uma sociedade que prefere acreditar que foi um jogo que realmente orquestrou essas mortes também não pode ser considerada muito certa da cabeça. Uma sociedade que prefere dizer que a culpa é do jogo e não conseqüência de uma mente perturbada precisa rever imediatamente seus conceitos.

Ps: Obviamente, a bancada evangélica não perdeu tempo e já apresentou projeto que proibe o jogo na cidade. Realmente, é mais fácil escurraçar o bode expiatório do que resolver as coisas importantes. É mais fácil dizer que a Bela Adormecida se feriu na roca porque os pais não conseguiram banir do reino todos esses equipamentos do que assumir que a tática usada para prevenir isso foi a errada.