sexta-feira, dezembro 17, 2004

Leitura forte (estejam avisados)
Meu "filhinho" tem aprontado, e muito. Sei que eu devo encorajá-lo a descobrir o mundo e seguir seus próprios passos, mas não sei se gosto muito quando bate a tendência "decorador" nele, e os móveis da casa acabam em lugares diferentes. Ou quando ele acha que a casa está muito clássica e resolve dar um toque modernista espalhando roupas pelo chão. Vai ver que sou demodè, e não estou mesmo entendendo das novidades do mercado.
Mas essa última mania dele de revirar o lixo (vai ver para buscar inspiração para mais objetos decorativos) acabou gerando mais do que simples insatisfação. Muitos remédios, vencidos, é verdade, que estavam na lata, acabaram parando no estômago dele, e daí foi vômito pra todo lado. Como ele já andava meio mal na última semana, a cozinha estava tomada por excretos, restos de remédios pisoteados, mais dejetos, enfim, uma lambança. Ao chegar em casa, dois sustos. Um pela bagunça e outro pelo conteúdo ingerido pelo cão. Ou ele estaria imunizado pelo resto da vida, ou pronto pra ir para a UTI canina e fazer uma bela de uma lavagem estomacal.
Providências tomadas, com mais vômitos - dessa vez induzidos - e muitos comprimidos de carvão ativado, a normalidade volta a meu lar. O susto valeu. Apenas não quero ter de passar por isso de novo.


E confesso que fiquei satisfeita de não ter sido eu a limpar toda aquela baderna.

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Do outro lado
Eu sempre tive pavor de qualquer homem com compulsão sexual para estupro, principalmente se o alvo é uma criança (vulgo: pedófilos). Sempre me vi no lugar de quem conhece alguém que passou pela situação, e entendo bem as tentativas de linchamento por parte da população quando um desses marginais é descoberto.
Ontem, porém, ao assistir um episódio de CSI (original), consegui, pela primeira vez, ver a questão pelo outro lado. O lado de quem age contra a criança. Não o ser que acha que isso é normal, e que se julga injustiçado da punição, pois afinal "foi a criança quem seduziu".
Mas o ser que sabe que é errado, mas que simplesmente está acima de suas forças se segurar. Como um compulsivo, que tem conhecimento dos reveses de suas ações, mas algo mais forte o impele a agir, e só depois toma consciência do que fez.
Foi isso que o possível suspeito disse. Disse da angústia de saber que é errado fazer, mas também saber que não conseguirá resistir. E das opções - todas inviáveis ou radicais demais - que já considerou para que consiga se livrar do estigma de não poder conviver com crianças sem fazer-lhes mal. E do isolamento social que ele próprio se impõe para não cair na tentação.


Não, não estou defendendo o criminoso. Mas agora já consigo vê-lo (alguns, ao menos) como humano.