quinta-feira, dezembro 09, 2004

Do outro lado
Eu sempre tive pavor de qualquer homem com compulsão sexual para estupro, principalmente se o alvo é uma criança (vulgo: pedófilos). Sempre me vi no lugar de quem conhece alguém que passou pela situação, e entendo bem as tentativas de linchamento por parte da população quando um desses marginais é descoberto.
Ontem, porém, ao assistir um episódio de CSI (original), consegui, pela primeira vez, ver a questão pelo outro lado. O lado de quem age contra a criança. Não o ser que acha que isso é normal, e que se julga injustiçado da punição, pois afinal "foi a criança quem seduziu".
Mas o ser que sabe que é errado, mas que simplesmente está acima de suas forças se segurar. Como um compulsivo, que tem conhecimento dos reveses de suas ações, mas algo mais forte o impele a agir, e só depois toma consciência do que fez.
Foi isso que o possível suspeito disse. Disse da angústia de saber que é errado fazer, mas também saber que não conseguirá resistir. E das opções - todas inviáveis ou radicais demais - que já considerou para que consiga se livrar do estigma de não poder conviver com crianças sem fazer-lhes mal. E do isolamento social que ele próprio se impõe para não cair na tentação.


Não, não estou defendendo o criminoso. Mas agora já consigo vê-lo (alguns, ao menos) como humano.